Selasa, 08 September 2015

CONTO: MINHA PEQUENA RITA

Era pra ser diferente. Sempre fomos um casal de namorados considerado perfeito por todos que nos conheciam. E eu sempre achei o mesmo. 

A gente era jovem, recém saídos do ginásio, eu estagiava numa grande empresa, ela atendia na sorveteria mais bacana da cidade.

Ela, linda. Eu, centrado, trabalhador, dedicado, sempre muito amigo, e acima de tudo, fiel.

Mas naquele dia as coisas pareciam estar diferentes, até no trabalho tudo parecia estar dando errado. Alarme de incêndio, pane elétrica, todos mandados para casa até normalizar tudo. E o que eu faria, se não tinha nada pra fazer em casa? Iria pra casa da Ritinha, era dia de folga dela! Quem sabe pegar pra passear de bicicleta no parque, que ela adora?

Mas ao chegar no quintal dela, algo estranho... Uma bicicleta já estava ali no canto, apoiada escondida entre os arbustos. Estranhei, fiz a volta e entrei pela porta da varanda, que sei que fica sempre aberta.

Vi vapor saindo da direção do banheiro, e ouvi o chuveiro. Senti um gostoso cheiro de sabonete pela casa, e fui andando na direção do banheiro calmamente, com medo que pudesse ser a mãe dela. Mas pelo horário, somente ela estaria em casa, então fui mais seguro!

Escutei murmúrios, e... Estranhei. Murmúrios? Risadinhas? Estaria a Ritinha com alguma amiga junto, fofocando?

Não me contive, e cheguei na porta. Estava entreaberta, e empurrei um pouco mais. Escutei então mais uma risadinha, e senti minhas pernas travarem. O coração simplesmente parecia que iria parar. Não sei como não parou. O som de beijos molhados foi quase tão tormentoso quanto a cena das pernas da Ritinha em torno da cintura daquele cara nu. A sensação inicial era simplesmente a vontade de sumir. Adormecer subitamente e não mais acordar.

Cheguei a tentar formar uma frase para dizer, e quando as palavras iam sair de minha boca, ouvi ela gemer, e travei novamente. Debaixo do chuveiro, não podiam nem me perceber, pois o cara estava de costas para mim, entre as pernas dela, e ela, concentrada demais, no beijo mais romântico que jamais me deu, de olhos cerrados. 

Era uma cena dramática, se misturada com a visão das nádegas dele se contraindo, e empurrando o quadril para frente. Naquele instante, eu inocentemente rezei por dentro para que não estivesse penetrando minha amada menina, pois eu sentia ainda alguma chance de perdoá-la, se a coisa ainda não tivesse se consumado. E quando eu ia gritar para pararem, o grito gemido dela me interrompeu novamente... Eu jamais a havia visto gozar. Era o fim.

E no abraço, ele virou-se levemente, e viu a sombra de um garoto aterrorizado que estava em pé, atônito, parado na porta. Ela ainda estava ofegante, de olhos cerrados, quando ele se virou, e eu tive o segundo pior de todos os choques...

- Beto? Você, Beto?

Imagens se formaram na minha mente, lembrando de todos os maravilhosos momentos ao lado de Beto. O maior e mais precioso amigo que um garoto pode ter. Com a mesma idade, ele sempre foi muito mais descolado que eu. Era o terror das menininhas da escola, acho que tirou a virgindade da metades delas. A outra metade ele foi pelo menos o segundo cara!

Era um perfeito garanhão, e eu sempre o invejei, e ao modo como as meninas o perseguiam, sempre querendo ficar com ele, mesmo sabendo que ele em breve estaria com outra. Ele era a espécie de prêmio que as meninas queriam conquistar.

Por que ele, tão popular, e podendo ter a menina que quisesse, tinha que pegar a que o cara que mais o teve como amigo e o admirou, amava e namorava?

- Por que, Beto, por quê?
- Marco... Eu...
Um silêncio brotou, e o olhar aterrorizado agora era o dela. Ritinha.

- Marco, que cê tá fazendo aqui? - Perguntou Ritinha, como quem não soubesse o que mais poderia dizer.

- Nada, Rita. Indo embora. E dei as costas, saindo. Num segundo de dúvida do que fazer, virei-me de volta para eles, à tempo de ver, Ritinha chorando, e se agarrando de volta ao peito de Beto, que a acolheu. Instintivamente, olhei para entre os dois, e vi a cena mais traumática da minha vida. O pênis de Beto, amolecendo e escorregando de dentro dela.















Quase um mês já tinha se passado, e eu não tinha mais falado com Beto, nem visto Ritinha senão de rápida passagem, pois a cidade não era muito grande. Sempre doía como no primeiro dia. Não os via juntos, e certo dia vi ele namorando outra menina.

Me perguntava se estavam ficando juntos havia mais tempo, ou se tinha sido somente aquela vez. A dúvida ia me corroendo, até um dia em que o acaso colocou Beto e eu num mesmo elevador, da empresa onde eu trabalhava, e ele começava como estagiário.

- Marco... - Disse ele, após romper constrangedores segundos de silêncio - Eu nunca contei aquilo pra ninguém.
- E daí? - Disse eu, com uma revoltosa surpresa
- E daí que se vocês tivessem continuado, talvez ainda fossem felizes. Ela te ama, sempre te amou. Pode jamais ser meu amigo de novo, o que me deixa triste, e eu entendo. Mas Rita te ama. Foi só um lance.
- Um lance? UM LANCE, PORRA?! Tu comeu a minha namorada na casa dela na maior cara dura, e vem me dizer que foi só "um lance"?
- Não te exalta, cara. Não precisa. Mas saiba, ela nunca ficou com mais ninguém, e nunca mais rolou nada. A gente se arrependeu.

O elevador parou, e saí sem dar respostas. Mas levando uma estranha sensação de fúria e alívio. Sim, alívio. Parecia estar tirando uma tonelada das costas.

Mais um mês passou, e a rotina de trabalho fez de Beto um bom colega, e no fim, novamente um bom amigo. Juramos não tomar mais no assunto, e eu comecei a tomar coragem de procurar Ritinha novamente. E fiz isso.

Foi estranho no começo, mas seguindo um conselho de Marco, combinei desde já com ela que não falaríamos mais naquilo.

Ficamos juntos... Uma, duas, três vezes, até nos apaixonarmos como na primeira vez. Levei tempo pra conseguir transar com ela novamente, sempre broxava, pois lembrava da cena.

Até qie certo dia, quando eu havia broxado mais uma vez, ela me apertou contra o peito, e cochichou no meu ouvido: "Esquece aquilo. Tira aquilo da cabeça, aquilo não significou nada".

Estranho quando alguém te diz pra não pensar em algo. É justamente quando você pensa! E eu pensei e lembrei como nunca, de cada detalhe. E tive uma incontrolável e imediata ereção. Quando a penetrei, Rita chorou. E chorou por minutos. Os poucos minutos que levei pra gozar. E gozei lembrando do exato momento em que ela, com os calcanhares, apertava as nádegas contraídas de Beto, agora sei, para meter ainda mais fundo. Lembrava-me que sempre soube que o pênis dele era grande, bem maior que o meu. E isso me dava algo entre náuseas e vontade de gozar. Mas gozei, fartamente. Ciente de que ela não gozou.
Assim foi por algum tempo, talvez um mês ou um pouco mais. Comecei a sentir vontade de falar dele para ela, para ver qual seria sua reação, se me deixaria com ciúme. Eu procurava falar coisas da rotina de trabalho, e via que ela ficava desconfortável. Logo, me excitava, e provocava circunstâncias para fazermos sexo. E sempre fazíamos. E jamais vi ela gozar comigo, como vi com ele.

Decidi que tentaria superar meus traumas e limites, convidando ele pra vir à minha casa em um jantar que faria com ela, pois meus pais não estavam em casa. Porém, sem avisá-los da presença um do outro, preferi simplesmente deixar acontecer. E aconteceu.

Constrangimento, longas pausas, em que somente eu, como um tolo, tentava quebrar o gelo falando coisas cotidianas. Quase uma hora depois, já estávamos rindo, falando coisas do dia-a-dia, como se nada houvesse acontecido. Me senti excitado, e quando ela pediu licença para ir ao banheiro, logo a segui, e entrei junto. Surpresa, ela ainda tentou me desencorajar e impedir de agarrá-la com muito desejo, com a porta fechada. Eu queria sexo, e forcei a barra até ela desistir de tentar segurar a calcinha, e constrangida, entregou-se. E entendi seu medo. Estava completamente molhada. Tão excitada quanto eu, se não mais.  A mórbida lembrança da traição estava em nossas mentes, excitando nossos corpos. Ávido, gozei rápido, e ela, sem olhar para mim, apenas se deixou usar.

Quando voltamos à sala, Beto estava visivelmente constrangido, percebia o que aconteceu pelo tempo que levamos e a cara que saímos. Disfarçadamente, lia uma revista que estava na mesa de centro. Uma revista de negócios, de meu pai, coisas que ele detestava. Sorriu amareladamente, e disse que tinha que ir embora. E eu o fiz prometer que o próximo jantar seria na casa dele, de forma simpática e animada. Ele, concordando, dizendo que poderia ser na outra semana, já que estava agora morando sozinho, e já deixei praticamente combinado.

Ele foi embora, e Ritinha e eu ficamos constrangidos sozinhos. Tanto que ela resolveu ir embora, e no dia seguinte apenas nos vimos fingindo que nada daquilo acontecera.

Pois bem, a semana passou, e diante de minhas cobranças, ele organizou o jantar. Pediríamos pizza, assistiríamos um DVD que queríamos ver, e ficaríamos de papo, bebendo até de madrugada, os três. Dia marcado, hora marcada. Rita comentou que estava feliz em ver que eu não estava sofrendo com o acontecido. E que me amava muito por isso. Pela primeira vez, me pediu perdão. E disse que jamais faria algo parecido novamente. Eu apenas sorri, e disse a ela que mesmo que fizesse, eu jamais me comportaria de maneira tão tola e infantil como fiz. Vi os olhos dela acenderem em algo misto entre curiosidade, surpresa e ... Algo mais que não soube definir.

No dia anterior, combinei com ela que já nos encontraríamos lá, pois eu não poderia ir buscá-la. Combinei com ambos que eu chegaria às 9 da noite, e ela disse que chegava pouco depois.

Seria mais fácil falar sobre isso, se o dia não fosse exatamente hoje. E eu estou aqui, escrevendo isso. Mas não são mais 9 da noite. São 9:20, e acabo de mandar uma mensagem pelo celular, avisando que não poderei ir, pois meu pai chegou de viagem e precisa que eu passe a noite cuidando de umas coisas com ele., já que viaja novamente bem cedo. Óbvio que não é verdade. Mas ao fim da mensagem, deixei claro, que "espero que aproveitem, nossa amizade é nosso maior tesouro". Ela já deve estar lá, e recebendo essa mensagem.

Não sei o que vai acontecer. Mas quero muito escrever sobre isso. E, claro, dividir aqui, neste espaço. Dependendo de como for a expectativa, talvez comentários, eu resolva contar o que vai acontecer hoje. Seja lá o que for.